segunda-feira, 25 de abril de 2011

A maior parte das empresas "mais cobiçadas" são familiares

O jornal O Estado de São Paulo dedicou hoje um caderno específico de negócios para tratar das "empresas da vez". Chamadas de "As cobiçadas do Varejo", as companhias que mais prendem a atenção dos fundos de private equity e de grandes empresas estão sendo as familiares de porte médio, com alto grau de expansão.

Para o jornal, a aquisição da Camicado pela Renner, noticiada no início do mês, desencadeou uma oportunidade de crescimento para as médias e uma oportunidade de investimento para as grandes.

Os nomes que foram listados como grandes cobiçadas e seus diferenciais são:

Familiar, Zelo cresce sem 'velocidade maluca'

Uma das maiores redes de cama, mesa e banho do País, a Zelo - cuja sede fica no Bom Retiro - tem um processo de tomada de decisão totalmente familiar. O fundador Anis Razuk repassou a empresa para os filhos - os cinco são sócios, enquanto três dividem a gestão da companhia. Qualquer decisão sobre a admissão de um novo sócio, conta o sócio-diretor Mauro Razuk, será tomada em comitê. Com faturamento previsto de R$ 360 milhões para 2011 - crescimento de mais de 10% sobre o ano passado -, Razuk afirma que a companhia foi capaz de organizar o próprio crescimento "sem velocidade maluca". Entretanto, o empresário pretende abrir 12 novas lojas até o fim do ano que vem, o que elevaria sua rede para 54 unidades. Com recursos próprios, a empresa conseguiu especialmente nos últimos anos, descentralizar sua atuação – hoje, está em seis Estados, no Distrito Federal e se prepara para chegar ao Mato Grosso do Sul. “Há poucos anos, 90% das vendas eram em São Paulo. Agora, são 55%”.

Le Biscuit amplia rede de lojas e moderniza gestão

A rede Le Biscuit - nascida a partir de um armarinho em Feira de Santana, na Bahia - organizou a expansão da rede de lojas ao mesmo tempo que mudou a gestão: contratou a Ernst & Young para auditar sua contas, buscou profissionais de mercado para os cargos de diretoria e eliminou todos os processos informais. A mudança foi capitaneada pelo presidente da companhia, Álvaro Sant’Anna, de 35 anos, que assumiu o negócio fundado pelo pai há uma década. O empresário considera 2011 um marco na história da companhia: até o fim do ano, serão abertas cinco novas lojas, que alavancarão a ambiciosa meta de superar a marca de R$ 200 milhões em faturamento – uma expansão de quase 50% em relação a 2010. Tanto trabalho fez a Le Biscuit colocar o pé no freio das negociações. “Não posso falar com todos os fundos, não quero que o pessoal perca o controle da operação”, diz Sant’Anna. No entanto, ele não descarta totalmente uma venda a curto prazo: “Toda a empresa está à venda. Só depende da proposta”.

Leader e os pontos valiosos no Rio de Janeiro

A fluminense Lojas Leader ganhou projeção nacional e 2008 ao concordar em vender sua operação para a rival Renner, por R$ 670 milhões. Na esteira da crise financeira internacional, o negócio foi cancelado um mês e meio após o anúncio - de acordo com fontes próximas à empresa, o evento abalou a autoestima da rede, que viu sua operação perder um pouco do brilho que ostentava. No entanto, a Leader – que mistura artigos para o lar, brinquedos e confecções, em uma espécie de versão reduzida da antiga Mesbla – ainda apresenta um forte faturamento por loja. A companhia, que não quis dar entrevista para esta reportagem, informou que prevê receita de R$ 1,1 bilhão em 2011, com 52 unidades. Segundo o sócio-diretor da consultoria Alvarez & Marsal, Eduardo Seixas, a empresa tem um bem muito valioso atualmente: pontos de vendas estratégicas e de grande porte no Rio de Janeiro, incluindo 17 lojas na capital. “Poderia ser uma boa opção para a Riachuelo, que tem uma operação muito fraca no Estado”, afirma Seixas.

A Lojas Avenida vai à Wall Street brasileira

Aos 3 anos, Rodrigo Caseli já brincava com as caixas de papelão na pequena loja de tecidos do pai, em Cuiabá (MT). Hoje, 32 anos depois, está prestes a inaugurar uma loja em Eunápolis, na Bahia, e outra em Paraupebas, no Pará. Essas (e outras) vão se somar às atuais 71 unidades da Lojas Avenida, rede de roupas, sapatos e cama, mesa e banho com presença em 10 Estados e faturamento de R$ 350 milhões previsto para este ano. As lojas não guardam nenhuma semelhança com a lojinha de tecidos. São pelo menos 20 vezes maiores e vendem 10 mil itens diferentes. A rede, que começou a se expandir no fim da década de 90, prepara-se para dar seu passo mais ambicioso: abrir 100 lojas até 2015. Para isso, vai precisar de sócios. Na próxima semana, banqueiros do UBS vão começar a bater à porta de fundos de private equity. “Mapeamos 22 fundos. Queremos vender uma parte da empresa, mas não o controle, e ainda receber uma injeção de R$ 150 milhões”, revela Caseli.

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