quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Mulheres na Sucessão Familiar


O sonho do pai nem sempre é o sonho do filho, mas e se o sonho do pai for o mesmo da filha? Entenda porque cada vez mais a presença feminina aparece no cenário da sucessão familiar.

Elas possuem o dom de dar a luz. O poder de amamentar. Amadurecem mais cedo. São muito sensíveis. Preferem agir com a emoção ao invés da razão. Lutaram por igualdade. As conquistas aconteceram através de um longo e lento processo e com todos esses valores elas ganharam uma data só pra elas: o oito de março, Dia Internacional da Mulher, data que representa todas as conquistas e méritos do sexo feminino.
Ao longo da história muitas mulheres marcaram época no cenário mundial, mas foi somente a partir dos anos cinquenta que as seguintes décadas foram marcadas pelas lutas por igualdade e justiça. E mesmo hoje, apesar de as mulheres ocuparem cargos de alto padrão como a presidência da República e de os movimentos feministas estarem praticamente extintos, as mudanças no cenário econômico e empresarial existem, ainda que de forma sutil.
A história das empresas familiares no Brasil é vasta, talvez tão longa quanto a própria história do país, já que o início foi marcado pelas empresas rurais adquiridas por doação dos senhores feudais, em uma época em que se subdividiam as capitanias hereditárias, antes do nascimento da indústria. Porém o surgimento da presença feminina na sucessão familiar é recente. Um dos maiores empecilhos dentro das corporações é o processo de sucessão, normalmente porque o pai (fundador) dedicou dias e noites da maior parte da sua vida para a empresa e quer ver sua perpetuação. O conflito entra quando o sonho do pai não é o mesmo sonho do filho, mas e se o sonho do pai for o mesmo de filha?
O especialista em profissionalização e sucessão de empresas familiares, diretor e sócio da DS Consultoria, prof° Domingos Ricca, acredita no potencial das herdeiras no processo de sucessão familiar. “Hoje as filhas estão incluídas no processo preparatório e, por terem uma maior afinidade com o pai, acabam pegando um jeito com a gestão, entendendo a importância da liderança e carisma no processo de perpetuação da empresa. Elas têm mais tato e sensibilidade para lidar com os problemas de divergências familiares no processo sucessório.”
Ricca explica quais os aspectos positivos que uma alma feminina pode oferecer na gestão de uma empresa familiar. “A sucessora tem a imagem do pai como o herói de sua vida. Na empresa ela consegue gerir com uma facilidade maior, pois consegue entender a importância da cultura e o valor da empresa. Sabe o poder da credibilidade e da palavra por ter uma convivência maior com o fundador, no caso, o pai. A intuição e sensibilidade para as decisões são aspectos femininos que se reforçam baseados nos ensinamentos que ela viveu na empresa enquanto filha que ficava com o pai.”
Assim como qualquer mulher inserida no mercado de trabalho, as herdeiras encontrarão obstáculos no caminho do sucesso profissional. Entre eles está à dúvida de como se comportar, já que os aspectos sociais e culturais reforçam o estereótipo masculino como lideres corporativos, conflitos entre papéis e relacionamentos interpessoais.
Domingos Ricca conta que a DS Consultoria já trabalhou em casos de sucessão feminina e que as gestões foram bem sucedidas. O consultor acredita que a opção de colocar a filha em um cargo de grande responsabilidade, como a direção da empresa, é muitas vezes uma alternativa de sobrevivência e perpetuação nas próximas gerações, já que as mulheres vêm assumindo posições estratégicas para o futuro do negócio.

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